One evening, glass in hand, he was idly following the televised highlights of the Brazilian Grand Prix. He wasn’t much interested in the bland plutocracy of Formula One; but he did like to watch young men taking risks. In that respect, the race was gratifying. Heavy rain had made the track dangerous; pools of standing water sent even former world champions aquaplaning smack into the barriers; the race was stopped twice, and frequently brought under the control of the safety car. Everyone drove cautiously, except for nineteen-year-old Max Verstappen of the Red Bull team. He overtook his way from almost last place to third, making moves his elders and supposed betters declined to dare. The commentators, astonished by this display of skill and guts, sought explanation. And one of them provided it: ‘They say your risk profile doesn’t stabilise until you’re about twenty-five.’ This statement made him attend even more closely. Yes, he thought: a treacherous circuit, visibility reduced by spray to almost zero, others trepidatious while you felt invulnerable, going flat out thanks to a risk profile as yet unstabilised. Yes, he remembered that all too well. It was called being nineteen. And some would crash and some wouldn’t. Verstappen hadn’t. So far, anyway: though he had another six years to go before neurophysiology rendered him entirely sensible.
JULIAN BARNES, UK, in The Only Story, 2018
Uma noite, de copo na mão, seguia ociosamente os destaques televisivos do Grand Prix brasileiro. Não estava muito interessado na plutocracia da Fórmula Um; mas do que gostava era de ver homens novos a arriscar. Nesse sentido a corrida agradava-lhe. A chuva intensa tornara a pista perigosa; poças de água ininterruptas punham até campeões mundiais a planar sobre a água e a embater nas barreiras; a corrida foi interrompida duas vezes e esteve quase sempre sob o controlo do carro de apoio. Todos conduziam com precaução, menos Max Verstappen, dezanove anos, equipa Red Bull. Ultrapassou e passou de quase último a terceiro, com manobras que os mais velhos e supostamente melhores se recusaram a arriscar. Os comentadores, espantados com a demonstração de perícia e garra, procuravam explicação. E um deles apresentou-a: ‘Dizem que a nossa consciência de risco só estabiliza por volta dos vinte e cinco anos.’ Esta afirmação fê-lo olhar ainda com mais atenção. Sim, pensou: um circuito traiçoeiro, visibilidade reduzida quase a zero pelos salpicos, os outros receosos enquanto eu me sentia invulnerável, prego a fundo graças a uma consciência de risco ainda não estabilizada. Sim, lembrava-se bem demais daquilo tudo. Aquilo era ter dezanove anos. E alguns espatifavam-se e outros não. Verstappen não se espatifara. Até agora. Tinha mais seis anos pela frente, antes que a neurofisiologia o tornasse completamente sensato.
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