2015/01/23


What are the roots that clutch, what branches grow
Out of this stony rubbish? Son of man,
You cannot say, or guess, for you know only
A heap of broken images, where the sun beats,
And the dead tree gives no shelter, the cricket no relief,
And the dry stone no sound of water. Only
There is shadow under this red rock,
(Come in under the shadow of this red rock),
And I will show you something different from either
Your shadow at morning striding behind you
Or your shadow at evening rising to meet you;
I will show you fear in a handful of dust.

T.S. ELIOT, USA / UK,
in "The Burial of the Dead" (The Waste Land, 1922)


O que são as raízes que se agarram, que ramos nascem
Desta lixeira de pedras? Filho do homem,
Não consegues dizer, nem adivinhar, pois conheces só
Um monte de imagens desfeitas, onde o sol bate,
E a árvore morta não dá abrigo, o grilo não dá descanso,
E a pedra seca não soa a água. Só
Há sombra sob esta rocha encarnada,
(Anda para a sombra desta rocha encarnada),
E mostrar-te-ei uma coisa diferente quer
Da tua sombra que, de manhã, te segue a passos largos,
Quer da tua sombra que, ao anoitecer, se levanta para te alcançar;
Mostrar-te-ei o medo numa mão cheia de pó.

2015/01/03

 
Sur mes cahiers d’écolier
Sur mon pupitre et les arbres
Sur le sable sur la neige
J’écris ton nom

Sur toutes les pages lues
Sur toutes les pages blanches
Pierre sang papier ou cendre
J’écris ton nom

Sur les images dorées
Sur les armes des guerriers
Sur la couronne des rois
J’écris ton nom

Sur la jungle et le désert
Sur les nids sur les genêts
Sur l’écho de mon enfance
J’écris ton nom

Sur les merveilles des nuits
Sur le pain blanc des journées
Sur les saisons fiancées
J’écris ton nom
.......
Sur toute chair accordée
Sur le front de mes amis
Sur chaque main qui se tend
J’écris ton nom
.......
Et par le pouvoir d’un mot
Je recommence ma vie
Je suis né pour te connaître
Pour te nommer
Liberté.

PAUL ELUARD, França,
in  Au rendez-vous allemand, 1945


Nos meus cadernos de estudante
Na minha carteira e nas árvores
Na areia e na neve
Escrevo o teu nome

Em todas as páginas lidas
Em todas as páginas brancas
Pedra sangue papel ou cinza
Escrevo o teu nome

Nas imagens douradas
Nas armas dos guerreiros
Na coroa dos reis
Escrevo o teu nome

Na selva e no deserto
Nos ninhos e nos arbustos
No eco da minha infância
Escrevo o teu nome

Nas noites das maravilhas
No pão branco dos dias
Na época dos enlaces
Escrevo o teu nome
.......
Em toda a carne que consente
Na fronte dos meus amigos
Em cada mão que se estende
Escrevo o teu nome
.......
E pelo poder duma palavra
Recomeço a minha vida
Nasci para te conhecer
Para te nomear
Liberdade.