Quant à essayer d'en faire sa maîtresse, il était sûr que toute tentative serait vaine.
GUSTAVE FLAUBERT, França
in L' Education Sentimentale, 1874
Quando ia ao Jardim Botânico, a visão de uma palmeira atirava-o para países longínquos. Viajavam juntos no dorso de dromedários, sob o pálio de elefantes, na cabine de um iate entre arquipélagos azuis, ou lado a lado em duas mulas com sinos, que tropeçavam nas colunas quebradas sobre a erva. Às vezes parava no Louvre diante de quadros antigos; e como até em séculos esquecidos o seu amor o seguia, ele substituía-a às personagens das pinturas. De coifa pontiaguda, ela rezava de joelhos atrás de um vitral multicor. Senhora de Castela ou da Flandres, aparecia sentada de cabeção engomado e corpete com favos e espartilho. Descia depois uma grande escadaria de pórfiro, entre senadores, sob um dossel de plumas de avestruz, vestida de brocado. De outras vezes sonhava-a em calção de seda amarela, sobre coxins num harém; e tudo o que era belo, a cintilação das estrelas, certas árias musicais, o brilho de uma frase, um esboço, traziam-lha ao pensamento de forma brusca e insensata.
Quanto a tentar torná-la sua amante, tinha a certeza de que qualquer tentativa seria vã.
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