I don't regret for a single moment having lived for pleasure. I did it to the full, as one should do everything that one does. There was no pleasure I did not experience. I threw the pearl of my soul into a cup of wine. I went down the primrose path to the sound of flutes. I lived on honeycomb. But to have continued the same life would have been wrong because it would have been limiting. I had to pass on. The other half of the garden had its secrets for me also. Of course all this is foreshadowed and prefigured in my books. Some of it is in The Happy Prince, some of it in The Young King, notably in the passage where the bishop says to the kneeling boy, 'Is not He who made misery wiser than thou art?' a phrase which when I wrote it seemed to me little more than a phrase; a great deal of it is hidden away in the note of doom that like a purple thread runs through the texture of Dorian Gray; in The Critic as Artist it is set forth in many colours; in The Soul of Man it is written down, and in letters too easy to read; it is one of the refrains whose recurring motifs make Salome so like a piece of music and bind it together as a ballad; in the prose poem of the man who from the bronze image of the 'Pleasure that liveth for a moment' has to make the image of the 'Sorrow that abideth for ever' it is incarnate. It could not have been otherwise. At every single moment of one's life one is what one is going to be no less than what one has been. Art is a symbol, because man is a symbol.
OSCAR WILDE, UK
in De Profundis, 1897
Nem por um instante lamento ter vivido para o prazer. Fi-lo plenamente, como se deve fazer tudo aquilo que se faz. Não houve prazer que não experimentasse. Lancei a pérola da minha alma num copo de vinho. Desci o carreiro de malmequeres ao som de flautas. Vivi no jardim das delícias. Mas ter continuado essa vida seria errado, porque me limitaria. Tinha de avançar. A outra metade do jardim também tinha para mim os seus segredos. É claro que tudo isto vem anunciado e antecipado nos meus livros. Uma parte em O Príncipe Feliz, outra em O Jovem Rei, especialmente na passagem em que o bispo diz ao rapaz ajoelhado 'Não foi Ele que fez a infelicidade mais sábia do que tu?', frase que, quando a escrevi, me pareceu pouco mais do que uma frase; e grande parte está escondida na nota de condenação que, qual fio de púrpura, percorre a trama de Dorian Gray; em O Crítico enquanto Artista apresenta-se com muitas cores; em A Alma Humana vem bem explicado e em caracteres facílimos de ler; é um dos refrãos cujos motivos recorrentes fazem de Salomé uma peça musical e lhe dão a forma de balada; no poema em prosa do homem que da imagem em bronze do 'Prazer que durou um momento' teve de fazer a imagem da 'Mágoa que durou para sempre', corporizou-se. Não podia ser de outra maneira. Em cada momento da nossa vida somos tanto o que seremos como aquilo que fomos. A arte é um símbolo, porque o homem é um símbolo.
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