se me vendam os olhos, eu, o arqueiro! acerto
em cheio no alvo porque o não vejo:
por pensamento e paixão,
ou porque foi tão sentido o vento a luzir nos botões dos salgueiros,
como se atirasse do outro lado do vento,
ou na solidão de um sonho,
ou como se tudo fosse o mesmo: flecha e alvo ―
e
cego
acerto em cheio:
porque não quero
HERBERTO HELDER, Portugal,
in "A Faca Não Corta o Fogo", 2008
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