2007/08/27
STYLE
Something like the sea,
Unlaboured momentum of water
But going somewhere,
Building and subsiding,
The busy one, the loveless.
Or the wind that slits
Forests from end to end,
Inspiriting vast audiences,
Ovations of leafy hands
Accepting, accepting.
But neither is yet
Fine enough for the line I hunt.
The dry bony blade of the
Sword-grass might suit me
Better: an assassin of polish.
Such a bite of perfect temper
As unwary fingers provoke,
Not to be left till later,
Turning away, to notice the thread
Of blood from its unfelt stroke.
LAWRENCE DURRELL, 1955
ESTILO
Algo como o mar,
Força de água não trabalhada
Mas que vai para algum lado,
Cresce e amaina,
O agitado, o sem amor.
Ou o vento que rasga
Florestas de lés a lés,
Anima vastas audiências,
Aceita, aceita
Ovações de mãos folhosas.
Mas nenhum é ainda
Bastante bom para o verso que persigo.
A lâmina seca descarnada da
Espadana talvez me conviesse
Mais: uma assassina dos bons modos.
Mordedura de verdadeiro mau génio,
Que dedos descuidados provocam
E não se faz esperar,
Afastando-se para ver o fio
De sangue do golpe que não sentiu.
Something like the sea,
Unlaboured momentum of water
But going somewhere,
Building and subsiding,
The busy one, the loveless.
Or the wind that slits
Forests from end to end,
Inspiriting vast audiences,
Ovations of leafy hands
Accepting, accepting.
But neither is yet
Fine enough for the line I hunt.
The dry bony blade of the
Sword-grass might suit me
Better: an assassin of polish.
Such a bite of perfect temper
As unwary fingers provoke,
Not to be left till later,
Turning away, to notice the thread
Of blood from its unfelt stroke.
LAWRENCE DURRELL, 1955
ESTILO
Algo como o mar,
Força de água não trabalhada
Mas que vai para algum lado,
Cresce e amaina,
O agitado, o sem amor.
Ou o vento que rasga
Florestas de lés a lés,
Anima vastas audiências,
Aceita, aceita
Ovações de mãos folhosas.
Mas nenhum é ainda
Bastante bom para o verso que persigo.
A lâmina seca descarnada da
Espadana talvez me conviesse
Mais: uma assassina dos bons modos.
Mordedura de verdadeiro mau génio,
Que dedos descuidados provocam
E não se faz esperar,
Afastando-se para ver o fio
De sangue do golpe que não sentiu.
2007/08/16
2007/08/13
MUSEUM PIECE
The good grey guardians of art
Patrol the halls on spongy shoes,
Impartially protective, though
Perhaps suspicious of Toulouse.
Here dozes one against the wall,
Disposed upon a funeral chair.
A Degas dancer pirouettes
Upon the parting of his hair.
See how she spins! The grace is there,
But strain as well is plain to see.
Degas loved the two together:
Beauty joined to energy.
Edgar Degas purchased once
A fine El Greco, which he kept
Against the wall beside his bed
To hang his pants on while he slept.
RICHARD WILBUR, U.S.A., 1957
PEÇA DE MUSEU
Os bons e cinzentos guardiães da arte
Patrulham as salas com sapatos esponjosos,
Imparcialmente protectores, ainda que
Talvez desconfiados de Toulouse.
Há um que dormita encostado à parede
Instalado numa cadeira funerária.
Uma bailarina de Degas faz-lhe piruetas
Em cima da risca do cabelo.
Vê como rodopia! Está lá a graça,
Mas o esforço também se vê claramente.
Degas amava as duas coisas juntas:
Beleza associada a energia.
Edgar Degas adquiriu uma vez
Um belo El Greco, que conservava
Encostado à parede ao lado da cama
Para pendurar lá as calças enquanto dormia.
The good grey guardians of art
Patrol the halls on spongy shoes,
Impartially protective, though
Perhaps suspicious of Toulouse.
Here dozes one against the wall,
Disposed upon a funeral chair.
A Degas dancer pirouettes
Upon the parting of his hair.
See how she spins! The grace is there,
But strain as well is plain to see.
Degas loved the two together:
Beauty joined to energy.
Edgar Degas purchased once
A fine El Greco, which he kept
Against the wall beside his bed
To hang his pants on while he slept.
RICHARD WILBUR, U.S.A., 1957
PEÇA DE MUSEU
Os bons e cinzentos guardiães da arte
Patrulham as salas com sapatos esponjosos,
Imparcialmente protectores, ainda que
Talvez desconfiados de Toulouse.
Há um que dormita encostado à parede
Instalado numa cadeira funerária.
Uma bailarina de Degas faz-lhe piruetas
Em cima da risca do cabelo.
Vê como rodopia! Está lá a graça,
Mas o esforço também se vê claramente.
Degas amava as duas coisas juntas:
Beleza associada a energia.
Edgar Degas adquiriu uma vez
Um belo El Greco, que conservava
Encostado à parede ao lado da cama
Para pendurar lá as calças enquanto dormia.
2007/08/06
A quatre heures du matin, l’été
Le sommeil d’amour dure encore.
Sous les bocages s’évapore
L’odeur du soir fêté.
Là-bas, dans leur vaste chantier
Au soleil des Hespérides,
Déjà s’agitent ― en bras de chemise ―
Les Charpentiers.
Dans leurs Déserts de mousse, tranquilles,
Ils préparent les lambris précieux
Où la ville
Peindra de faux cieux.
O, pour ces Ouvriers charmants
Sujets d’un roi de Babylone,
Vénus! quitte un instant les Amants
Dont l’âme est en couronne.
O Reine des Bergers,
Porte aux travailleurs l’eau-de-vie,
Que leurs forces soient en paix
En attendant le bain dans la mer à midi.
ARTHUR RIMBAUD, in “Une Saison en Enfer” (1873)
Às quatro da manhã, no Verão
O sono de amor dura ainda.
Sob os arbustos evapora-se
O odor da noite festejada.
Lá longe, no vasto estaleiro
Ao sol das Hespérides,
Já se agitam ― em mangas de camisa ―
Os Carpinteiros.
Nos Desertos de espuma, tranquilos,
Preparam os lambris preciosos
Onde a cidade
Pintará falsos céus.
Oh, pelos Operários encantadores
Súbditos dum rei da Babilónia,
Vénus! deixa um instante os Amantes
Cuja alma se engalanou.
Ó Rainha dos Pastores,
Leva aos trabalhadores a aguardente,
Que as suas forças se aquietem
Enquanto esperam o banho no mar ao meio-dia.
Le sommeil d’amour dure encore.
Sous les bocages s’évapore
L’odeur du soir fêté.
Là-bas, dans leur vaste chantier
Au soleil des Hespérides,
Déjà s’agitent ― en bras de chemise ―
Les Charpentiers.
Dans leurs Déserts de mousse, tranquilles,
Ils préparent les lambris précieux
Où la ville
Peindra de faux cieux.
O, pour ces Ouvriers charmants
Sujets d’un roi de Babylone,
Vénus! quitte un instant les Amants
Dont l’âme est en couronne.
O Reine des Bergers,
Porte aux travailleurs l’eau-de-vie,
Que leurs forces soient en paix
En attendant le bain dans la mer à midi.
ARTHUR RIMBAUD, in “Une Saison en Enfer” (1873)
Às quatro da manhã, no Verão
O sono de amor dura ainda.
Sob os arbustos evapora-se
O odor da noite festejada.
Lá longe, no vasto estaleiro
Ao sol das Hespérides,
Já se agitam ― em mangas de camisa ―
Os Carpinteiros.
Nos Desertos de espuma, tranquilos,
Preparam os lambris preciosos
Onde a cidade
Pintará falsos céus.
Oh, pelos Operários encantadores
Súbditos dum rei da Babilónia,
Vénus! deixa um instante os Amantes
Cuja alma se engalanou.
Ó Rainha dos Pastores,
Leva aos trabalhadores a aguardente,
Que as suas forças se aquietem
Enquanto esperam o banho no mar ao meio-dia.
2007/08/04
2007/08/02
HOELDERLIN'S OLD AGE
When I was young I woke gladly in the morning
With the dew I grieved, towards the close of day.
Now, when I rise, I curse the white cascade
That refreshes all roots, and I wish my eyelids
Were shutters held down by the endless weight
Of the mineral earth. How strange it is, that at evening
When prolonged shadows lie down like cut hay
In my mad age, I rejoice, and my spirit sings
Burning intensely in the centre of s cold sky.
STEPHEN SPENDER, in Collected Poems (1955)
A VELHICE DE HÖLDERLIN
Quando era jovem acordava de manhã alegremente
Com o relento entristecia, para o fim do dia.
Agora, quando me levanto, maldigo a cascata branca
Que refresca raízes e desejava que as minhas pálpebras
Fossem portadas cerradas pelo peso sem fim
Da terra mineral. Que estranho é, que ao entardecer
Quando as demoradas sombras se deitam como o feno cortado
Dos meus loucos anos, eu exulte, e o meu espírito cante
Ardendo intensamente no meio de um céu frio.
2007/08/01
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