2025/01/09

I am silver and exact. I have no preconceptions.

Whatever I see I swallow immediately

Just as it is, unmisted by love or dislike.

I am not cruel, only truthful,

The eye of a little god, four-cornered.

Most of the time I meditate on the opposite wall.

It is pink, with speckles. I have looked at it so long

I think it is a part of my heart. But it flickers.

Faces and darkness separate us over and over.



Now I am a lake. A woman bends over me,

Searching my reaches for what she really is.

Then she turns to those liars, the candles or the moon.

I see her back, and reflect it faithfully.

She rewards me with tears and an agitation of hands.

I am important to her. She comes and goes.

Each morning it is her face that replaces the darkness.

In me she has drowned a young girl, and in me an old woman

Rises toward her day after day, like a terrible fish.

SYLVIA PLATH, U.S.A., Mirror, 1961





Sou prata e exacta. Não tenho ideias feitas.

Tudo o que vejo engulo imediatamente

Tal como é, liberto de amor ou desagrado.

Não sou cruel, sou verdadeira,

O olho de um pequeno deus, rectangular.

Quase todo o tempo medito sobre a parede em frente.

É cor de rosa, com pintas. Olhei-a tanto tempo

Que a acho parte do meu coração. Mas pisca.

Rostos e escuridão separam-nos sem cessar.



Agora sou um lago. Uma mulher inclina-se sobre mim

Procura os meus limites para ver o que realmente é.

Depois volta-se para aquelas mentirosas, as velas e a lua.

Vejo-lhe as costas, e reflicto-as fielmente.

Ela retribui-me com lágrimas e a agitar as mãos.

Sou importante para ela. Vai e vem.

Todas as manhãs é o rosto dela que substitui a escuridão.

Em mim afogou uma rapariga, e em mim uma velha

Cresce para ela dia a dia, como um terrível peixe.

No comments: