O abade, dias depois, reconciliado com a desgraça, entrava na residência, e perguntava a Eufémia:
- Ó rapariga, tu tens irmão no Brasil?
- Porque perguntas isso, ó idolatrado? ...
-É que, se tivesses, qualquer dia ele entrava por aí dentro barão; e eu, nesse caso, precisava ir desde já deitando o olho a quem me viesse governar a casa.
- Isso é o que tu querias, idolatrado!
E punha-se a catá-lo.
Eufémia, quando era costureira de Madama Guichard, teve um segundo-sargento a quem chamava o seu idolatrado. Depois desse teve nove, uma súcia, incluso o abade, todos idolatrados. Ela ardera muito sem se gastar, como a sarça-de-moisés. Cada vez mais gorda e frescal. O abade, em momentos de rapto religioso, dizia cheio de unção: Os Céus indemnizaram-me da ingratidão da outra bêbeda.
CAMILO CASTELO BRANCO,
in Eusébio Macário, 1879
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