JAMES JOYCE, Irlanda
em
Beleza: é curva: curvas são beleza. Deusas torneadas, Vénus, Juno: curvas que o mundo admira. Posso vê-las museu da biblioteca de pé no átrio redondo, deusas nuas. Ajuda a digestão. Não ligam ao aspecto do homem. Tudo para ver. Sem nunca falar, penso dizer a tipos como Flynn. Imagina que ela fazia Pigmalião e Galateia o que diria logo? Mortal! Põe-te no teu lugar. A emborcar néctar numa barafunda com deuses, pratos dourados, tudo de ambrósia. Não como o almoço de tanoeiro que temos, carneiro cozido, nabos e cenouras, garrafa de Allsop. Néctar, imagina-o a beber electricidade: alimento dos deuses. Formas encantadoras de mulher esculpidas por Juno. Encantadoras imortais. E nós a enfiar comida por um buraco e ela a sair por trás: alimento, muco, sangue, estrume, terra, alimento: ter de o alimentar como quem abastece um motor. Não têm. Nunca olhei. Hoje vou olhar. A vigilante não vai ver. Curvo-me deixo cair qualquer coisa a ver se ela.
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