Pobres e minúsculas ilhas da solidão, coroadas de cagarros e de nuvens, onde a vida humana ainda tem, de quando em quando, o sabor dos primeiros dias da criação do mundo... Das espessuras oníricas da minha gaveta de bordo sonho-me corsário ou mercador. Abordamos a Porto Santo em pleno quarto de alva. Já se adivinha na escuridão do calado do paquete um vago livor de dia. O mar é tinta de escrever, mas já a ilha se adivinha abrupta, compacta, a uns quinhentos metros da escada do portaló.
VITORINO NEMÉSIO, Portugal,
in "Primeiro Corso", 1946
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