Here they are. Nathan realizes that his mother has been waiting for them out on the porch, when he'd thought she'd be there for him - he, who is her truest romance, the one who pays attention, who respects her privacy of person (she's not a hug-prone mother; Nathan's ok with that). He took an early train today, on his own. Violet still refuses to be assured that trains are safe.
Nathan thought his mother came out onto the porch with him because she knows, without needing to be told, about the ways in which today and the day before and the day to come evacuate him. Because his mother knows in ways no one else does how impossible it's become for him to reenter the orderly passage of time, how he lives in an ongoing series of minutes that arrive and depart but are not quite fully connected to each other, so that a day is a rapid-fire progression of still photographs, with Nathan as their subject. Here he is in a room with Chess and Odin and a blue rabbit. Here he is, turning to face his father's approaching headlights. He's felt, he's hoped, that his mother knows about it or can guess at it in ways no one else can, not even Doctor Missus Doctor, who gets paid to know about the ways in which Nathan has been emptied, has become photographs of himself. He has no language to convey that. He can only hope someone - if not his mother, someone else - will figure it out. He has no faith in Doctor Missus maneiraDoctor, with her Would you say more manner, Doctor Missus Doctor, who does not love him, and who dyes her hair a dead black.
His mother loves him. But she hasn't forgiven him, even if she does her best to act as if she has.
MICHAEL CUNNINGHAM, E.U.A.
in 'Day', 2024
Aí estão eles. Nathan percebe que a mãe os esperou no alpendre, e achou que ela estava à espera dele - ele, o seu amor mais verdadeiro, o que lhe dá atenção, o que respeita a sua privacidade (não é mãe de abraços; Nathan não se importa). Hoje apanhou cedo o comboio, sozinho. Violet ainda não quer aceitar que os comboios são seguros.
Nathan pensou que a mãe veio ter com ele ao alpendre porque conhece, sem precisar que lhe digam, de que maneira o dia de hoje e o de ontem e o que há-de vir o esvaziam. Porque a mãe sabe, como mais ninguém, que para ele se tornou impossível retomar a ordenada passagem do tempo, que ele vive numa sucessão contínua de minutos que chegam e partem mas não estão inteiramente ligados entre si, e o dia é uma sequência de fotogramas que tem Nathan como tema. Ali está ele, numa sala com Chess e Odin e um coelho azul. Ali está ele, a voltar-se e a ver os faróis do pai a aproximarem-se. Sentiu, esperou que a mãe soubesse ou conseguisse adivinhar de uma maneira que mais ninguém consegue, nem sequer a Doutora, a Menina Doutora, que é paga para perceber a maneira como Nathan ficou vazio e se transformou em fotografias de si mesmo. Não tem palavras para transmitir aquilo. Só lhe resta esperar que alguém entenda - se não for a mãe, outra pessoa. Não tem fé na Doutora, a Menina Doutora, com aquela entoação Podias explicar? Doutora, a Menina Doutora, que não o ama e que pinta o cabelo de preto tom de defunto.
A mãe ama-o. Mas não lhe perdoou, ainda que faça o possível por parecer que sim.
2024/07/03
Subscribe to:
Posts (Atom)