2012/01/30
Ich habe ewig an dir zu atmen; meine Brust wird nie aufhören dich in sich zu ziehn. Du bist die göttliche Herrlichkeit, das ewige Leben in der lieblichsten Hülle. - Ach Heinrich, du weisst das Schicksal der Rosen; wirst du auch die welken Lippen, die bleichen Wangen mit Zärtlichkeit an deine Lippen drücken? Werden die Spuren des Alters nicht die Spuren der vorübergegangenen Liebe sein? - O! könntest du durch meine Augen in mein Gemüt sehn! aber du liebst mich, und so glaubst du mir auch. Ich begreife das nicht, was man von der Vergänglichkeit der Reize sagt. O! sie sind unverwelklich. Was mich so unzertrennlich zu dir zieht, was ein ewiges Verlangen in mir geweckt hat, das ist nicht aus dieser Zeit. Könntest du nur sehn, wie du mir erscheinst, welches wunderbare Bild deine Gestalt durchdringt und mir überall entgegen leuchtet, du würdest kein Alter fürchten. Deine irdische Gestalt ist nur ein Schatten dieses Bildes. Die irdischen Kräfte ringen und quellen, um es festzuhalten, aber die Natur ist noch unreif; das Bild ist ein ewiges Urbild, ein Teil der unbekannten heiligen Welt.
NOVALIS, Alemanha,
in Heinrich von Ofterdingen, 1799
«Tu és o ar que tenho de respirar eternamente: o meu peito nunca deixará de te trazer dentro de si. Tu és a magnificência divina, a vida eterna sob o invólucro mais amável.» - «Infelizmente, Heinrich, conheces o destino das rosas: os lábios murchos e as faces pálidas, ainda as encostarás aos lábios com ternura? As marcas da idade não são os vestígios do amor passado?» - «Ah, se pudesses ler na minha alma através dos meus olhos! Mas tu amas-me, por isso acreditas em mim. Não compreendo como se pode falar de encantos passageiros. Não, não podem murchar. O que me liga a ti indissoluvelmente, o que despertou em mim um desejo eterno não é uma coisa que dependa do Tempo. Ah, se pudesses ver-te como eu te vejo, a imagem maravilhosa que brilha através da tua forma sensível e ilumina tudo, dentro e fora de mim, não recearias velhice nenhuma. A tua forma terrestre mais não é do que uma sombra dessa imagem; as forças telúricas lutam e batem-se para a manter estável, mas a natureza ainda não alcançou a maturidade; quanto à imagem, é um arquétipo eterno, um elemento do mundo divino e desconhecido.»
NOVALIS, Alemanha,
in Heinrich von Ofterdingen, 1799
«Tu és o ar que tenho de respirar eternamente: o meu peito nunca deixará de te trazer dentro de si. Tu és a magnificência divina, a vida eterna sob o invólucro mais amável.» - «Infelizmente, Heinrich, conheces o destino das rosas: os lábios murchos e as faces pálidas, ainda as encostarás aos lábios com ternura? As marcas da idade não são os vestígios do amor passado?» - «Ah, se pudesses ler na minha alma através dos meus olhos! Mas tu amas-me, por isso acreditas em mim. Não compreendo como se pode falar de encantos passageiros. Não, não podem murchar. O que me liga a ti indissoluvelmente, o que despertou em mim um desejo eterno não é uma coisa que dependa do Tempo. Ah, se pudesses ver-te como eu te vejo, a imagem maravilhosa que brilha através da tua forma sensível e ilumina tudo, dentro e fora de mim, não recearias velhice nenhuma. A tua forma terrestre mais não é do que uma sombra dessa imagem; as forças telúricas lutam e batem-se para a manter estável, mas a natureza ainda não alcançou a maturidade; quanto à imagem, é um arquétipo eterno, um elemento do mundo divino e desconhecido.»
2012/01/26
Die Sprache, sagte Heinrich, ist wirklich eine kleine Welt in Zeichen und Tönen. Wie der Mensch sie beherrscht, so möchte er gern die grosse Welt beherrschen, und sich frei darin ausdrücken können. Und eben in dieser Freude, das, was ausser der Welt ist, in ihr zu offenbaren, das tun zu können, was eigentlich der ursprüngliche Trieb unsers Daseins ist, liegt der Ursprung der Poesie.
Es ist recht übel, sagte Klingsohr, dass die Poesie einen besondern Namen hat, und die Dichter eine besondere Zunft ausmachen. Es ist gar nichts Besonderes. Es ist die eigentümliche Handlungsweise des menschliches Geistes. Dichtet und trachtet nicht jeder Mensch in jeder Minute? - Eben trat Mathilde ins Zimmer, als Klingsohr noch sagte: Man betrachte nur die Liebe. Nirgends wird wohl die Notwendigkeit der Poesie zum Bestand der Menschheit so klar, als in ihr. Die Liebe ist stumm, nur die Poesie kann für sie sprechen.
Oder die Liebe ist selbst nichts, als die höchste Naturpoesie. Doch ich will dir nicht Dinge sagen, die du besser weisst als ich.
NOVALIS, Alemanha,
in Heinrich von Ofterdingen, 1799
«A linguagem,» disse Heinrich, «é de facto um pequeno universo feito de signos e de sons. Tal como domina a linguagem, o homem gostaria de dominar o vasto mundo e de poder expressar-se nele livremente. É precisamente nesta alegria de poder manifestar no universo o que está fora dele e de satisfazer o impulso verdadeiro e primordial do nosso ser, que se encontra a origem da poesia.»
«É na verdade lamentável,» disse Klingsohr, «que a poesia tenha um nome particular e que os poetas formem uma corporação à parte. A poesia não é uma coisa à parte. Ela é o modo de actividade próprio do espírito humano. Os homens não inventam e fantasiam a cada minuto?» - Mathilde entrou na sala, no momento em que Klingsohr acrescentava: «Basta considerarmos o amor. Em nenhuma outra coisa se revela tão claramente a necessidade da poesia para a permanência da espécie humana. O amor é mudo, só a poesia pode falar em nome dele.»
«Ou o próprio amor não é senão a mais alta natureza da poesia. Mas não quero ensinar-te coisas que conheces melhor do que eu.»
Es ist recht übel, sagte Klingsohr, dass die Poesie einen besondern Namen hat, und die Dichter eine besondere Zunft ausmachen. Es ist gar nichts Besonderes. Es ist die eigentümliche Handlungsweise des menschliches Geistes. Dichtet und trachtet nicht jeder Mensch in jeder Minute? - Eben trat Mathilde ins Zimmer, als Klingsohr noch sagte: Man betrachte nur die Liebe. Nirgends wird wohl die Notwendigkeit der Poesie zum Bestand der Menschheit so klar, als in ihr. Die Liebe ist stumm, nur die Poesie kann für sie sprechen.
Oder die Liebe ist selbst nichts, als die höchste Naturpoesie. Doch ich will dir nicht Dinge sagen, die du besser weisst als ich.
NOVALIS, Alemanha,
in Heinrich von Ofterdingen, 1799
«A linguagem,» disse Heinrich, «é de facto um pequeno universo feito de signos e de sons. Tal como domina a linguagem, o homem gostaria de dominar o vasto mundo e de poder expressar-se nele livremente. É precisamente nesta alegria de poder manifestar no universo o que está fora dele e de satisfazer o impulso verdadeiro e primordial do nosso ser, que se encontra a origem da poesia.»
«É na verdade lamentável,» disse Klingsohr, «que a poesia tenha um nome particular e que os poetas formem uma corporação à parte. A poesia não é uma coisa à parte. Ela é o modo de actividade próprio do espírito humano. Os homens não inventam e fantasiam a cada minuto?» - Mathilde entrou na sala, no momento em que Klingsohr acrescentava: «Basta considerarmos o amor. Em nenhuma outra coisa se revela tão claramente a necessidade da poesia para a permanência da espécie humana. O amor é mudo, só a poesia pode falar em nome dele.»
«Ou o próprio amor não é senão a mais alta natureza da poesia. Mas não quero ensinar-te coisas que conheces melhor do que eu.»
2012/01/24
Da hörte er jenes einfache Lied wieder. Er lief den Tönen nach. Auf einmal hielt ihn jemand am Gewande zurück. Lieber Heinrich, rief eine bekannte Stimme. Er sah sich um, und Mathide schloss ihn in ihre Arme. Warum liefst du vor mir, liebes Herz, sagte sie tiefatmend. Kaum konnte ich dich einholen. Heinrich weinte. Er drückte sie an sich. - Wo ist der Strom, rief er mit Tränen. Siehst du nicht seine blauen Wellen über uns? Er sah hinauf, und der blaue Strom floss leise über ihrem Haupte. Wo sind wir, liebe Mathilde? Bei unsern Eltern. Bleiben wir zusammen? Ewig, versetzte sie, indem sie ihre Lippen an die seinigen drückte, und ihn so umschloss, dass sie nicht wieder von ihm konnte. Sie sagte ihm ein wunderbares, geheimes Wort in den Mund, was sein ganzes Wesen durchklang. Er wollte es wiederholen, als sein Grossvater rief und er aufwachte. Er hätte sein Leben darum geben mögen, das Wort noch zu wissen.
NOVALIS, Alemanha,
in Heinrich von Ofterdingen, 1799
Então ele voltou a ouvir a canção singela. Correu ao encontro da melodia. De repente alguém lhe pegou nas vestes. «Querido Heinrich,» exclamou uma voz conhecida. Voltou-se e Mathilde prendeu-o nos braços. «Porque fugias à minha frente, meu coração, meu querido?» disse ela a recobrar fôlego. «Eu mal podia alcançar-te.» Heinrich chorava. Apertou-a contra o peito. «Onde está o rio?» exclamou por entre lágrimas. «Não vês as águas azuis por cima de nós?» Ele ergueu os olhos; a corrente azul fluía suavemente sobre as duas cabeças. «Onde estamos, querida Mathilde?» «Em casa de nossos pais.» «Ficaremos juntos?» «Eternamente», respondeu ela encostando os lábios aos dele e enlaçando-o tão firmemente, que já não podia separar-se. Pronunciou-lhe na boca uma palavra maravilhosa e mágica, que ressoou em todo o seu ser. Ele queria repeti-la, quando o avô o chamou e ele acordou. De bom grado teria dado a vida, para saber de novo a palavra.
NOVALIS, Alemanha,
in Heinrich von Ofterdingen, 1799
Então ele voltou a ouvir a canção singela. Correu ao encontro da melodia. De repente alguém lhe pegou nas vestes. «Querido Heinrich,» exclamou uma voz conhecida. Voltou-se e Mathilde prendeu-o nos braços. «Porque fugias à minha frente, meu coração, meu querido?» disse ela a recobrar fôlego. «Eu mal podia alcançar-te.» Heinrich chorava. Apertou-a contra o peito. «Onde está o rio?» exclamou por entre lágrimas. «Não vês as águas azuis por cima de nós?» Ele ergueu os olhos; a corrente azul fluía suavemente sobre as duas cabeças. «Onde estamos, querida Mathilde?» «Em casa de nossos pais.» «Ficaremos juntos?» «Eternamente», respondeu ela encostando os lábios aos dele e enlaçando-o tão firmemente, que já não podia separar-se. Pronunciou-lhe na boca uma palavra maravilhosa e mágica, que ressoou em todo o seu ser. Ele queria repeti-la, quando o avô o chamou e ele acordou. De bom grado teria dado a vida, para saber de novo a palavra.
2012/01/01
Que se o céo fora quadrado,
não fora redondo, senhor.
E se o Sol fora azulado,
d'azul fora a sua cor,
e não fora assi dourado.
E porque está governado
por seus cursos naturais,
neste mundo onde morais
nenhum homem aleijado,
se for manco e corcovado,
não corre por isso mais.
E assi os corpos celestes
vos trazem tão compassados,
que todos quantos nacestes
se nacestes e crecestes
primeiro fostes gerados.
E que fazem os poderes
dos sinos resplandecentes?
Fazem que todalas gentes
ou são homens ou molheres,
ou crianças inocentes.
GIL VICENTE, Portugal,
in "Auto da Feira", 1527
não fora redondo, senhor.
E se o Sol fora azulado,
d'azul fora a sua cor,
e não fora assi dourado.
E porque está governado
por seus cursos naturais,
neste mundo onde morais
nenhum homem aleijado,
se for manco e corcovado,
não corre por isso mais.
E assi os corpos celestes
vos trazem tão compassados,
que todos quantos nacestes
se nacestes e crecestes
primeiro fostes gerados.
E que fazem os poderes
dos sinos resplandecentes?
Fazem que todalas gentes
ou são homens ou molheres,
ou crianças inocentes.
GIL VICENTE, Portugal,
in "Auto da Feira", 1527
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