La nuit qui suivit ces célébrations, du haut d'une terrasse, je regardai brûler Rome. Ces feux de joie valaient bien les incendies allumés par Néron: ils étaient presque aussi terribles. Rome: le creuset, mais aussi la fournaise, et le métal qui bout, le marteau, mais aussi l'enclume, la preuve visible des changements et des recommencements de l'histoire, l'un des lieux au monde où l'homme aura plus tumultueusement vécu. La conflagration de Troie, d'où un fugitif s'était échappé, emportant avec lui son vieux père, son jeune fils, et ses Lares, aboutissait ce soir-là à ces grandes flammes de fête. Je songeais aussi, avec une sorte de terreur sacrée, aux embrasements de l'avenir. Ces mullions de vies passées, présentes et futures, ces édifices récents nés d'édifices anciens et suivis eux-mêmes d'édifices à naitre, me semblaient se succéder dans le temps comme des vagues; par hasard, c'était à mes pieds cette nuit-là que ces grandes houles venaient se briser. Je passe sur ces moments de délire où la pourpre impériale, l'étoffe sainte, et que si rarement j'acceptais de porter, fut jetée sur les épaules de la créature qui devenait pour moi mon Génie: il me convenait, certes, d'opposer ce rouge profond à l'or pâle d'une nuque, mais surtout d'obliger mon Bonheur, ma Fortune, ces entités incertaines et vagues, à s'incarner dans cette forme terrestre, à acquérir la chaleur et le poids rassurant de la chair. Les murs solides de ce Palatin, que j'habitais si peu, mais que je venais de reconstruire, oscillaient comme les flancs d'une barque; les tentures écartées pour laisser entrer la nuit romaine étaient celles d'un pavillon de poupe; les cris de la foule étaient le bruit du vent dans les cordages. L'énorme écueil aperçu au loin dans l'ombre, les assises gigantesques de mon tombeau qu'on commençait à ce moment d'élever sur les bords du Tibre, ne m'inspiraient ni terreur, ni regret, ni vaine méditation sur la brieveté de la vie.
MARGUERITE YOURCENAR, França,
in Mémoires d'Hadrien, 1958
Na noite que sucedeu a estas celebrações, do alto de um terraço vi arder Roma. As fogueiras suplantavam os incêndios ateados por Nero e eram quase tão terríveis. Roma: o cadinho, mas também a fornalha e o metal em brasa, o martelo mas também a bigorna, a prova visível das transformações e dos recomeços da história, um dos lugares do mundo onde o homem terá vivido mais tumultuosamente. A guerra de Tróia, de onde se evadira um fugitivo que levava com ele o pai velho, o filho pequeno e os espíritos familiares, culminava nessa noite em grandes labaredas de júbilo. Eu pensava também, com uma espécie de terror sagrado, nos incêndios de amanhã. Os milhões de vidas passadas, presentes e futuras, os edifícios recentes nascidos de edifícios antigos e seguidos de edifícios por nascer, parecia-me que se sucediam no tempo como vagas; por sorte foi a meus pés que, nessa noite, as grandes ondas vieram quebrar-se. Omito os momentos de delírio em que a púrpura imperial, a seda sagrada, que eu tão raramente aceitava envergar, foi lançada sobre os ombros da criatura que para mim se tornara o meu Génio: eu precisava, é certo, de opor o vermelho intenso ao louro pálido de uma nuca, mas sobretudo de obrigar a minha felicidade, a minha Fortuna, essas entidades vagas e incertas a encarnarem nesta forma terrestre, a ganharem o calor e o peso tranquilizador da carne. As paredes sólidas do Palatino, que eu habitava tão pouco mas que acabara de reconstruir, oscilavam como os flancos de uma barca; as cortinas abertas para deixar entrar a noite romana eram as de um pavilhão de proa; os gritos da multidão eram o barulho do vento nos cordames. E o escolho enorme vislumbrado ao longe, na escuridão, construção gigantesca do meu túmulo que neste momento começava a ser erigido nas margens do Tibre, não me inspirava terror, nem pesar, nem meditação vã sobre a brevidade da vida.
2025/04/16
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